A coleção permanente do Museu Regional é um reflexo da cultura e História de Minas Gerais. Reunido entre 1956 e 1963, seu acervo possui uma variedade significativa de peças, que ilustram o cotidiano mineiro do século XVII ao início do século XX.
São 484 obras, em meio a peças do imaginário e mobiliário, pinturas, máquinas, equipamentos de trabalho, instrumentos musicais e meios de transporte. Disposto pelos três andares do prédio, o acervo reúne aspectos políticos, sociais, artísticos e históricos, que compõem, de forma geral, a identidade do povo mineiro e contexto de formação do Estado.
História e formação do acervo
A intenção de se criar museus regionais, ainda na primeira metade do século XX, teve início com as ideias do Movimento Modernista, que pretendia resgatar a identidade brasileira a partir de suas visões locais e regionais. O SPHAN procurava delimitar regiões culturais levando-se em consideração alguns aspectos específicos – geográficos, sociais, políticos e históricos – para, dessa maneira, compor uma identidade nacional, como forma de distinguir o país das culturas europeias.
A partir dessa proposta, o arquiteto Lúcio Costa, responsável pelas obras que restauração do Casarão do Comendador (que se tornaria a sede do futuro museu), previu para exposição uma coleção de objetos cotidianos referentes à época da construção do casarão, mas que também fosse além desse momento. O acervo deveria exibir, preferencialmente, peças referentes ao período imperial, mas que fossem fiéis à tradição colonial, ou seja, sem influências neoclássicas.
Sendo assim, o principal objetivo da exposição, ainda hoje, é mostrar ao público um importante momento da evolução das artes no Brasil, além de exibir o processo de produção dessa mesma arte e da arquitetura.
A coleção começou a ser formada em 1956, quando o SPHAN começou a adquirir os primeiros objetos, e se estendeu até 1963, quando o museu foi inaugurado e aberto à visitação.
O acervo exibe peças de arte sacra e decorativa, mas também objetos do cotidiano: uma forma de contar a história que compôs a cultura de Minas Gerais e entender o contexto no qual se formou sua identidade.
Entre as peças de destaque estão algumas telas de Vienot, um órgão portátil do século XIX, esculturas em madeira atribuídas a Aleijadinho e os oratórios ricamente entalhados e ornados. Uma diversidade de móveis e utensílios domésticos expõem a intimidade daquele período, enquanto ferramentas, armas e meios de transporte apresentam os costumes sociais e econômicos.
Lúcio Costa ainda encomendou a produção de dois grandes painéis, que deveriam contar, de forma didática, o significado das peças expostas. Estes murais, com quase 10 metros de comprimento cada, foram pintados na parede interna do andar térreo, ao lado da porta de recepção, com traços que lembram as obras modernistas. O primeiro deles narra a evolução da arte e da arquitetura e das artes de Minas Gerais. O segundo, do lado oposto, é um grande mapa da região central de São João del-Rei, destacando as principais construções da cidade.