Nossa Senhora
Anexos
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Miniatura
Número de registro
005
Denominação
Nossa Senhora
Título
Nossa Senhora das Dores
Autor
Classificação
Resumo Descritivo
Escultura religiosa, de grande porte, confeccionada em madeira (cedro) entalhada, pintada e dourada, representando Nossa Senhora das Dores. Figura feminina, sentada sobre rochedo estilizado, pintado nos tons verde e vermelho, composto por estruturas irregulares na base, que se prolongam verticalmente na parte posterior do objeto. Nossa Senhora apresenta rosto oval, com carnação esbranquiçada e rósea, cabelos castanhos escuros pouco aparentes sob véu, tendo o rosto direcionado para cima e ligeiramente inclinado à esquerda, testa curta, olhar angustiado, olhos grandes em tom castanho escuro (com lágrimas em relevo caindo pelas laterais do seu olho direito), sobrancelhas finas e cílios pintados no mesmo tom, nariz afilado com narinas grandes, maçãs do rosto e queixo em tom rosado, boca grande cerrada com lábios em tom vermelho, pescoço comprido e orelhas parcialmente aparentes. Traja túnica longa marrom, de mangas compridas e panejamento movimentado, contendo pregas bem marcadas, barra dourada, gola arredondada e drapeada, ornada por motivos florais nos tons vermelho, marrom, branco, azul e dourado, além de ramagens verdes. Túnica sobreposta por manto com a parte interna ornada por singelos motivos florais, em tom vermelho, sob fundo dourado e azul, tendo a parte externa em tom azul claro com pregas bem marcadas e ornatos com motivos geometrizados circulares em dourado. Nossa Senhora tem os braços flexionados, com as mãos posicionadas à frente, na direção do peito, estando ligeiramente afastadas, com dedos longilíneos. Ao centro do peito, destaca-se coração flamejante, em relevo, pintado em tom vermelho, com chama estriada e dourada. Apresenta os joelhos flexionados e salientes, tendo seu pé direito com dedos longilíneos calçado com sandália de tiras douradas, ornada por motivos florais e ramagens.
Altura (cm)
104,5
Largura (cm)
38,5
Comprimento (cm)
53
Material
Técnica
Local de produção
Data de produção
Temas
Brasil | Mestre Piranga | Minas Gerais | Religião | Século XIX | Século XVIII
Dados históricos
Sobre Mestre Piranga: “Mestre de Piranga (segunda metade do século XVIII)/ (...) A antiga Guarapiranga foi uma das primeiras povoações de Minas Gerais, com a paróquia instituída em 1724, juntamente com outras importantes freguesias da capitania, como Ouro Preto, Mariana, Sabará e São João del Rei. A igreja matriz foi, infelizmente, demolida e substituída por construção moderna, de gosto duvidoso, pouco restando de seu acervo. Ficaram, entretanto, na atual Piranga, as Capelas de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora da Boa Morte. Há ainda na região a excepcional Capela de Bom Jesus de Matosinhos, d Bacalhau, no atual distrito de Santo Antônio de Pirapetinga, onde ainda se pode encontrar algumas imagens com características do “Mestre de Piranga”, que acreditamos tratar-se de uma oficina da qual vários artesãos faziam parte./ Há peças mais eruditas, com ricos estofamentos e douramente com as técnicas de pastilhos e punção, mas a grande maioria é formada por peças tendendo para o gosto popular (Figs. 171 e 172). Algumas são toscas na execução e de tamanho diminuto, feitas para figurar nos oratórios e nichos domésticos, e chamadas pelos colecionadores de “piranguinhas”. As características gerais dessas imagens são certo ar ingênuo, feições às vezes negróides, olhos grandes e esbugalhados, com pálpebras salientes e certa tristeza no olhar (Fig. 173). Algumas peças têm olhos desnivelados, o nariz tem as narinas abertas, mas a linha central é reta. Os tipos têm certa desproporção anatômica, o panejamento cai em pregas duras, com curiosas dobras antinaturais e às vezes em linhas retas nas costas. Ocasionalmente formam-se dois círculos concêntricos sobre os joelhos. A cabeleira cai lateralmente em mechas onduladas quase paralelas, e nas costas em mechas regulares, às vezes entrelaçadas./ As figuras apresentam, via de regra, um corpo magro com cintura bem marcada, ombros largos e mãos pouco detalhadas. As bases em nuvens apresentam um emaranhado de linhas sinuosas, bastante diferente das bases de outras peças da época, e as de pedregulho, com de Nossa Senhora das Dores, são executadas em cortes miúdos e executados com goivas, e com as arestas vivas. (...) A policromia varia muito de peça para peça, sendo algumas muito elaboradas; outras bastante simples./ Algumas imagens desse escultor são excepcionais, como a bela Nossa Senhora das Dores, com o coração exposto sobre o peito (Fig. 174), pertencente ao acervo do Museu Regional de São João del Rei, da qual conhecemos três versões, sendo uma de cerca de 10 cm.” (1) Sobre Nossa Senhora da Angústia ou das Dores: "Segundo alguns autores, a devoção a Nossa Senhora das Dores se difundiu, sobretudo, a partir do século XIII./ Nas representaçoes de Nossa Senhora das Dores, a Virgem, de fisionomia angustiada, está de pé, geralmente vestida de roxo e envolvida por um manto que lhe cobre a cabeça, caindo até os pés. O peito está atravessado por sete punhais; uma das mãos se dispõe sobre o coração e a outra está estendida em sinal de desolação./ Geralmente, quatro punhais se encontram do lado direito; e três, do lado esquerdo. Às vezes, esta disposição é, respectivamente, invertida. / Em imagens de roca, é comum a Virgem Maria trazer um lenço de renda à mão./ Pode ainda integrar cenas do Calvário, quando é representada aos pés da cruz, tendo, ao lado, São João Evangelista e Santa Maria Madalena./ Os sete punhais representam as dores de Nossa Senhora: profecia de São Simão, fuga para o Egito, perda do Menino Deus, caminho da cruz ou caminho da amargura, crucificação de Jesus, descendimento da cruz e sepultamento de Jesus.” (2)
Características Iconográficas/Ornamentais
Ornatos: motivos florais; motivos geometrizados; ramagens; coração flamejante.
Características Estilísticas
Peça com características da oficina do Mestre Piranga, em Minas Gerais, datável do século XVIII.
Características técnicas
Escultura confeccionada em madeira entalhada, pintada e dourada. Policromia: marrom, vermelho, azul, verde.
Referências Bibliográficas/Arquivísticas
COELHO, Beatriz (org.). Devoção e Arte – Imaginária Religiosa em Minas Gerais. Editora da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2005. Pág. 144.||CUNHA, Maria José Assunção da. Iconografia Cristã. Ed. UFOP/ IPAC, Ouro Preto,1993. Pág. 23.